terça-feira, abril 22, 2008

Mítomano

Eu não sabia que existia gente assim


A mitomania é a tendência mórbida para a mentira. Normalmente, as mentiras dos mitomaníacos estão relacionadas a assuntos específicos. Uma menina cujo pai é violento, por exemplo, pode começar a inventar para as colegas como sua relação com o pai é boa e divertida, contando sobre passeios e conversas que nunca existiram. Mas não costuma mentir sobre todos os outros assuntos, diferentemente dos mentirosos compulsivos. Justamente pelos mitômanos não possuírem consciência plena de suas palavras, os mesmos acabam por iludir os outros em histórias de fins únicos e prácticos, diferentemente daquele que mente em qualquer ocasião.

Sobre a Doença
Dizer a verdade é um sofrimento para quem tem mitomania, doença definida como uma forma de desequilíbrio psíquico caracterizado essencialmente por declarações mentirosas, vistas pelos que sofrem do mal como realidade.
Desse ponto de vista, podemos dizer que o discurso do mitômano é muito diferente daquele do mentiroso ou do fraudador, que tem finalidades práticas. Para estes, o objetivo não é a mentira, sendo esta apenas um meio para outros fins. Contam histórias ao mesmo tempo que acreditam nelas. É também uma forma de consolo.
Esse distúrbio tem sua origem na supervalorização de suas crenças em função da angústia subjacente. Muitas vezes as mesmas se apresentam unidas à angústia profunda, depressão e pós depressão.
De um lado, o mitômano sempre sabe no fundo que o que ele diz não é totalmente verdadeiro. Mas ele também sabe que isso deve ser verdadeiro para que lhe garanta um equilíbrio interior suficiente. Em determinado momento, o sujeito prefere acreditar em sua realidade mais que na realidade objetiva exterior. Ele tem necessidade de contar essa história para se sentir tranqüilizado e de acordo consigo mesmo.
A mitomania não pode ser considerarada como uma mentira compulsiva, e sim uma uma doença que se não tratada pode causar transtornos sérios à pessoa que possui. Em geral, essa manifestação deve-se à profunda necessidade de apreço ou atenção.
A maioria dos casos de mitomanía ao serem expostos, tornam-se vergonhosos. Todavia, os mitômanos que buscam ajuda por vontade própria, pedindo a seus familiares e principalmente aos seus amigos, são considerados extremamente raros, pois eles vêem que estão sofrendo de um mal e desejam acima de tudo curar-se. O papel dos companheiros se torna extremamente importante na vida do indivíduo que sofre da doença, já que eles que irão indicar os pontos e erros.
Grande parte dos casos de mitomania levam ao suicídio, principalmente se associados a depressão e pós depressão. O indivíduo ao não obter o apoio necessário e ser excluído daquele grupo que freqüentava ou participava acaba por vivenciar uma situação sem saída, isto é, o mesmo acaba por ser excluído de seus gostos e vê-se sem aquilo que ama e deseja.
Aconselha-se aqueles que rodeiam o mitômano, principalmete se o mesmo obteve uma conversa clara expondo a sua vontade de melhora a não largarem-no, podendo tal atitude acarretar desejos inconstantes, profunda melancolia, depressão e desejo de suicídio da parte do mitomaníaco. Inicialmente o mesmo apresentará sintomas de solidão e grande desejo de estar acompanhado daqueles que ama. Contudo, ao ver que isso não possível, acaba optando pelo desejo de morte.

Motivação
Não se sabe ao certo os motivos pelos quais a mitomanía se manifesta no indivíduo. Primeiro, porque acarreta milhares de fatores sócio-psicológicos da pessoa afetada, e segundo, porque enfatiza uma situação social podendo, então, mostrar-se eventual dependendo das circuntâncias presentes na época em que o indivíduo está vivendo. Na maioria das vezes é por desejo de aceitação daqueles que o rodeiam e também por grande afeto que tem por seus companheiros.

Cura
A cura do indivíduo reside muitas vezes na implementação de um quadro de cuidados que associa o tratamento em meio psiquiátrico do problema subjacente a um acompanhamento psicoterápico. Tal acompanhamento torna-se a parte mais importante, sendo realizado pelas pessoas que rodeiam o mitômano e que o mesmo requisitou para ajudá-lo. É importante nunca negar ao mesmo tal acompanhamento, sendo este a chave para a cura, até mais importante que um tratamento psiquiátrico.
Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Mitomania"

terça-feira, abril 15, 2008

Pessoas Perversas

Não sabia que havia gente assim

Comportamento perverso

(…)
O comportamento perverso é uma defesa maníaca que visa controlar angústias depressivas e persecutórias de experiências traumáticas; é uma passagem-ao-ato cujo roteiro rígido é escrupulosamente arquitetado é composto de atuações ativas de situações traumáticas passivas, o que permite ao sujeito tentar elaborar, sempre sem sucesso o que o leva a uma repetição ad infinitum, o retorno do real. É neste viés que Stoller(10) sugere que subjacente à atuação perversa existe um fantasma de vingança o qual é sustentado pela hostilidade. Graças a este expediente, o traumatismo infantil é transformado em triunfo. Ocorre, pois, uma inversão de papeis: o sujeito age ativamente lá onde sofreu passivamente. Acredita com isto evitar o retorno, sempre brutal e desagregador, daquilo que permaneceu petrificado no interior e que poderia causar, como é o caso nas psicoses, uma dissociação do psiquismo. “O ato perverso, escreve Stoller, é uma cura momentânea”.

(Um parêntese: as considerações feitas até aqui conferem à clínica da perversão contornos bem específicos. A escuta do perverso nos afeta transferencialmente de uma outra forma que o faz a escuta do neurótico. Acompanhá-lo pela tortuosa trilha de sua sexualidade pré-gential, agüentar a monotonia da repetição dos pontos de fixação da libido e suas atuações que revelam o caráter infantil de sua sexualidade, suportar o ódio que aparece na transferência sob forma de agressividade, de desprezo e desdém pelo trabalho e pela capacidade do profissional, tudo isto requer do analista uma disposição particular.

Traumatismo e humilhação(12): eis os ingredientes fundamentais da perversão. Humilhando o traumatismo é vencido. Humilhando, submetendo o outro ao seu cenário perverso, este outro é desumanizado e transformado em objeto (fetiche). Com isto evita-se, igualmente, a intimidade que é fantasiada pelo perverso como ameaçadora pois este último, não estando no registro da neurose – pelo menos quando orquestrando seu cenário –desconhece o amor tão necessário para proteger o parceiro, via fantasia, da componente do sexual perverso presente em todo sujeito castrado .

Fundamentalmente, é a questão da alteridade que está em jogo na perversão: o outro, o diferente e, num segundo momento, o outro sexo (a diferença anatômica dos sexos), aquele que não pensa como eu e assim por diante, tudo isto remete à castração, ao limite, que, no caso do perverso, foi gerenciada pelo mecanismo da recusa. É contra esta ameaça fundamental que o cenário perverso foi criado. Por outro lado, a organização perversa, como aliás toda organização psíquica, tem a função essencial de manter o sentimento de identidade.

Podemos, então, pensar que é na maneira particular de lidar com o retorno do real, que encontraremos a especificidade da perversão. Não ocorre um delírio pois o nome do pai não foi forcluído mas por haver o Ich Spaltung ocorre um “choque” que produz uma paralisia: o ponto de êxtase.

Retornamos, com isto, o objeto central deste texto: o ponto de êxtase, que passa a ser descrito como uma brecha através da qual a castração é vislumbrada. Se isto ocorre é porque o mecanismo da recusa não cumpre seu papel, deixando inoperante o processo de divisão do ego. A mediação fantasmática, tão necessária para uma montagem "aceitável" que dê vazão à moções pulsionais perversas, não mais é possível e o sujeito, uma vez mais, se vê face àquilo que vem sucessivamente negando: a castração. A solução para enfrentar a angústia daí advinda e, uma vez mais, negar a castração é, já dissemos, criar um cenário onde ele possa agir ativamente o que sofreu passivamente.

Na montagem de seu cenário, o perverso não escolhe seus parceiros por acaso. Escolhe justamente aqueles nos quais pode impor sua “imaginação erótica“(14). Uma tal imposição só é possível porque o parceiro escolhido é capaz de oferecer-se, via sujeito perverso, como objeto de gozo do Outro. O perverso desencadeia algo na dinâmica psíquica de seu parceiro que o remete a uma experiência arcaica eminentemente traumática. Em um après-coup, o sujeito revive uma experiência real paralisante, pois produtora de uma verdade insuportável.

Para o perverso o horror produzido no outro, e que o faz gozar, testemunha o seu triunfo sobre a castração, sobre o limite, sobre a lei, pois ele foi capaz de detectar o tipo de ação que desperta no outro o ponto extático e o subjuga. A “cura momentânea” se produz e, mais uma vez, ele crê deter um ‘saber como se goza’, o que lhe confere a sensação de tudo poder.
[...]

mais aqui: O GOZO EXTÁTICO DO EXPECTADOR DE UMA CENA PERVERSA

quinta-feira, abril 10, 2008

Quando a mentira não é brincadeira

“Mente como respira” é uma expressão popular que se aplica às crianças. Contudo, se uma criança mente, é porque há um motivo.
Mas, o que é a mentira? É a acção de alterar, de um modo consciente, a verdade. Para uma criança, mentir constitui a possibilidade de dizer aquilo que não é e inventar uma história, ou seja, a possibilidade de adquirir aos poucos a certeza de que o seu mundo imaginário corresponde ao mundo real.
Será que a fantasia é prejudicial? De modo algum. A fantasia é importante para o desenvolvimento da criança e os pais devem estimulá-la nos seus filhos de modo saudável e criativo. É importante mostrar às crianças o que é real e o que não é e incutir-lhes a noção de responsabilidade.
Segundo Piaget, a criança não faz distinção entre mentira, actividade lúdica e fantasia antes dos 6 anos. Até essa idade, não é possível definir as fronteiras entre a fantasia e a realidade, entre o desejo e o factual, entre o eu e o não-eu. Deste modo, é possível inventar histórias com muita imaginação e animação.
Depois dos 6 anos, a fase das invenções começa a diminuir, embora ainda brinquem com a realidade e criem situações que gostariam de viver. Após os 7-8 anos, a mentira torna-se intencional.
Nesta altura já têm noção dos valores morais e sociais, sabem diferenciar as verdades das mentiras, e quando o fazem é porque querem fugir às suas responsabilidades, têm medo de serem castigados, para melhorar a sua auto-estima ou ainda para conquistar o carinho dos pais ou chamar a atenção. Devem os pais combater as mentiras deliberadas da criança para se livrar da sua responsabilidade ou levar outro tipo de vantagem. Se tem dúvidas em relação ao relato, peça para contar a história umas horas depois, esteja atento a estes sinais e “desmonte” a história contada, filtre a verdade e isso pressupõe calma, tempo e habilidade para falar com a criança.
Muitas vezes, as crianças mentem quando, por exemplo, afirmam que são inocentes perante o quebrar de determinado objecto, ou quando declaram que estão muito doentes e não podem ir à escola, ou que ainda não comeram para comerem mais guloseimas, ou quando inventam histórias, espalham mentiras e afirmam que tudo não passa da mais pura verdade... tudo isto se ultrapassa quando lhes sugere que a “história” poderá ser outra, ou quando afinal não passa tudo de uma brincadeira. A “mentira tem perna curta”, noção que as crianças rapidamente se dão conta.
Dizer a verdade corresponde a uma aprendizagem progressiva. Dizer a verdade será para a criança satisfazer aos seus pais, as exigências sociais e até mesmo, a sua própria auto-estima. O problema é quando mentir se torna um hábito; nestes casos, os pais devem preocupar-se quando o seu filho tiver o objectivo claro de fugir sistematicamente à realidade e não enfrentar determinadas situações. Nessa altura, deverão recorrer a apoio psicológico.

Mas afinal porque mentem as crianças?
O que elas querem esconder? Ou ainda, qual a imagem que elas querem dar?No plano clínico, é habitual distinguir na criança três tipos de mentira: a mentira utilitária, a mentira de compensação e a mitomania.

- a mentira utilitária corresponde à mentira do adulto: mentir para daí retirar uma vantagem ou para evitar um desagrado. Os pais têm um papel fundamental; se são muito rigorosos e moralizantes, podem provocar o seu agravamento numa conduta ainda mais mentirosa, ou seja, uma segunda mentira para explicar a primeira. Deve-se, sim, chamar à atenção e explicar com calma as consequências negativas da mentira, com exemplos práticos, como a mentira pode prejudicar alguém. Castigar a criança duramente por ter mentido não resolve a situação, nem evita que a situação se repita. Tente perceber o que levou a criança a mentir; por exemplo, se a mentira está relacionada com os assuntos escolares, provavelmente ela está angustiada com alguma coisa em relação à escola. Veja o que de facto a preocupa. A atitude da criança perante a mentira depende muito do comportamento do adulto, em particular, dos pais. Estes devem ajudar a reconstruir os factos e contribuir para acentuar o sentido de responsabilidade. Muito frequentemente, os pais mentem aos filhos e desvalorizam a sua palavra, encobrem a mentira dos outros e os filhos tendem a imitar esse mesmo comportamento.

- a mentira de compensação traduz-se não na busca de um benefício concreto, mas na procura de uma imagem que a criança vê como inacessível ou perdida. Por exemplo: inventa para si uma família mais rica, mais nobre ou mais importante, ou atribui para si façanhas escolares, desportivas, guerreiras, amorosas... A fantasia é normal e banal na tenra infância e ocupa um lugar razoável no imaginário da criança. No “romance familiar” a criança constrói para si toda uma família e dialoga com os seus diversos membros. Por vezes inventa um “duplo”, que pode ser irmão, irmã ou um amigo, com o qual confidencia a sua vida e com quem brinca. Até aos 6 anos tudo isto é normal, pois inscrevem-se no espaço do sonho transicional que permite à criança a elaboração da sua identidade. A sua persistência a partir dessa idade já se torna preocupante e é sinal de patologia.

- A mitomania é a tendência patológica mais ou menos voluntária e consciente da mentira e criação de fábulas imaginárias, ou seja, a mentira compulsiva. Acontece quando a criança transforma a mentira em verdade e passa a viver num mundo irreal, o que já é patológico. De acordo com Dupré, a mitomania é descrita como vaidosa, maligna e perversa. A criança mitomaníaca, que tem uma tendência doentia para mentir, está habitualmente relacionada quer com fortes carências afectivas, quer também ao nível da identidade (pai e/ou mãe desconhecido(a) ou ainda conhecido por alguns membros da família, mas mantido em segredo).
O tratamento da mitomania deverá ser feito por especialistas, cujo objectivo é fazer a separação entre o mundo de verdade e o reino da imaginação, algo difícil de compreender para a criança que desenvolveu esta patologia.

Muito próximo da mitomania, encontra-se o delírio de devaneio, que caracteriza as crianças que vivem permanentemente num mundo de fantasia e de sonhos com temática megalómana. Estas crianças desenvolvem um “falso eu”. É necessário apoio psicológico para saber qual o motivo que as leva a fugirem da sua própria realidade.
A criança ou jovem que persiste na mentira transforma-se num adulto inseguro e doente.

O Adulto – Os Adultos Também Mentem?

Como já foi dito anteriormente, o adulto também faz uso da mentira utilitária, quer em situações profissionais, quer sociais quer ainda familiares. Os adultos têm plena consciência dos seus actos, mas persistem em manter a mentira para benefício da sua imagem pública, para seduzir, para obter algum benefício ou até mesmo para evitar um sentimento de vergonha. Há que parar e pensar o que querem da sua própria vida, para onde os leva o caminho que estão a seguir, e se, de facto, é isso que querem. Quando não forem capazes de equacionar a questão e não conseguirem parar com este mundo de mentiras, procurem ajuda profissional.
Nem sempre a mentira é instrumento de má-fé. A cordialidade por vezes induz a uma certa dose de mentira, por exemplo, não dizer à anfitriã que o jantar não estava agradável, ou que está menos elegante ou menos bonita. Mas, nestas alturas, é preferível a omissão do que a mentira. Mentir apenas pelo prazer de mentir, isso já se torna doentio e chega-se facilmente à mitomania, o mentir compulsivamente.
O delírio do devaneio das crianças corresponde aos adultos à parafrenia (uma das perturbações psicóticas), termo proposto por Kraepelin para designar perturbação delirante, ou seja, uma doença cuja característica fundamental é a manutenção da clareza e da ordem do pensamento, da vontade e da acção. A maioria dos pacientes pode permanecer normal nos seus papéis; noutros casos, o prejuízo ocupacional pode ser significativo e inclui o isolamento social. Uma das características é a presença de um ou mais delírios organizados, que podem ser tipo megalómano (grandeza), amoroso (erotomania), infidelidade (ciúme) e outros. Este tipo de patologia requer um acompanhamento profissional.
S&L
Texto de Isabel Lacerda
Psicóloga

segunda-feira, abril 07, 2008

Violência Psicológica


65% dos homens têm comportamentos de abuso verbal ou psicológico
com a companheira/esposa


Abuso psicológico

O abuso psicológico é um padrão de comunicação, verbal ou não, com a intenção de causar sofrimento psicológico em outra pessoa, segundo Straus, (1992), citados por Carla Paiva e Bárbara Figueiredo. Esses pesquisadores encontram valores elevados de prevalência de abuso psicológico em amostra de 5232 casais norte-americanos. Nesta forma de abuso houve semelhança entre homens (26%) e mulheres (25%).

Muitas vezes o abuso psicológico é a única forma de abuso entre o casal, talvez por se tratar de uma atitude menos detectada como politicamente incorreta. Em amostra de 1152 mulheres com idades entre 18 e 65 anos, observam que 53,6% relatam alguma forma de abuso (físico, sexual ou psicológico) perpetrado pelo companheiro, sendo que 13,6% reportam especificamente abuso psicológico na ausência dos outros tipos de abuso (Coker, 2000).

O abuso psicológico é, às vezes, tão ou mais prejudicial que o abuso físico, e se caracteriza por rejeição, depreciação, discriminação, humilhação, desrespeito e punições exageradas. Não é um abuso perpetrado predominantemente pelos homens, como é o caso do abuso físico. Ele existe em iguais proporções em homens e mulheres. Trata-se de uma agressão que não deixa marcas corporais visíveis, mas emocionalmente causa cicatrizes indeléveis para toda a vida (veja Violência Doméstica).

Um tipo comum de abuso psicológico é a que se dá sob a autoria dos comportamentos histéricos, cujo objetivo é mobilizar emocionalmente o outro para satisfazer a necessidade de atenção, carinho e adulação. A intenção do(a) agressor(a) histérico(a) é mobilizar o outro(a) tendo como chamariz alguma doença, alguma dor, algum problema de saúde, enfim, algum estado que exige atenção, cuidado, compreensão e tolerância.

Outra forma de abuso psicológico é fazer o outro se sentir inferior, dependente, culpado ou omisso é um dos tipos de agressão emocional dissimulada mais terríveis. A mais virulenta atitude com esse objetivo é quando o agressor faz tudo corretamente, impecavelmente certinho, não com o propósito de ensinar, mas para mostrar ao outro o tamanho de sua incompetência.

Stets (1990), citado por Carla Paiva e Bárbara Figueiredo, em uma ampla investigação com a população americana, verifica que 65% dos homens têm comportamentos de abuso verbal ou psicológico com a companheira.

Agressões Psicológicas são aquelas que, independentemente do contacto físico, ferem moralmente. A Agressão Psicológica, como nas agressões em geral, depende do agente agressor e do agente agredido. Quando não há intencionalidade agressiva e o agente agredido se sente agredido, independentemente da vontade do agressor, a situação reflete uma sensibilidade exagerada de quem se sente agredido.

Havendo intencionalidade do agressor, o mal estar emocional produzido por sua atitude independe da eventual sensibilidade aumentada do agente agredido e outras pessoas submetidas aos mesmos estímulos, se sentiriam agredidas também.

A Agressão Psicológica é especialidade do meio familiar, e muito possivelmente, dos demais relacionamentos íntimos, chegando-se ao requinte de agredir intencionalmente com um falso aspecto de estar fazendo o bem ou de não saber que está agredindo. O simples silêncio pode ser uma agressão violentíssima. Isso ocorre quando algum comentário, uma posição ou opinião é avidamente esperado e a pessoa, por sua vez, se fecha num silêncio sepulcral, dando a impressão politicamente correta de que “não fiz nada, estava caladinho em meu canto...”. Dependendo das circunstâncias e do tom como as coisas são ditas, até um simples “acho que você precisa voltar ao seu psiquiatra” é ofensivo ao extremo, assim como um conselho falsamente fraterno, do tipo “não fique nervoso e não se descontrole”.

Não é o freqüente, no relacionamento íntimo, a agressão sem intencionalidade de agredir, ou seja, a agressão que é sentida pelo agente agredido, independentemente da vontade do agressor. Normalmente, pelo fato da família ser um grupo onde seus membros têm pleno conhecimento da sensibilidade dos demais, mesmo que a situação de agressão refletisse uma sensibilidade exagerada de quem se sente agredido, o agressor não-intencional deveria ter plena noção das conseqüências de seus atos. Portanto, argumentar que “não sabia que você era tão sensível” é uma justificativa hipócrita.

As atitudes agressivas refletem a necessidade de uma pessoa produzir alguma reação negativa em outra, despertar alguma emoção desagradável. As razões dessa necessidade são variadíssimas e dependem muito da dinâmica própria de cada família. Podem refletir sentimentos de mágoa e frustrações antigas ou atuais, podem refletir a necessidade de solidariedade emocional não correspondida (estou mal logo, todos devem ficar mal), podem representar a necessidade de sentir-se importante na proporção em que é capaz de mobilizar emoções no outro.... enfim, cada caso é um caso.

CAUSAS

De acordo com Armando Correa de Siqueira Neto), colaborador de PsiqWeb, nas relações humanas, sobretudo na vida conjugal, observam-se comportamentos variados. Inicialmente, se evidencia o poder do envolvimento e o êxtase exercido pela atração das partes que se conhecem. Escolhemos os nossos pares pelo comportamento aparente. E, aquilo que queremos para nós, depositamos nesse outro. Durante o período de namoro não nos permitimos ver, realmente, quem ele é. Com a chegada da rotina no relacionamento torna-se possível conhecer a pessoa como ela é de verdade. Então, começam a surgir os problemas, haja vista o fato de iniciar-se uma intolerância com relação aos defeitos do outro.

- Abuso nos Relacionamentos Íntimos - in. PsiqWeb, Internet, disponível em http://www.psiqweb.med.br/, 2007