Não sabia que havia gente assim
Comportamento perverso
(…)
O comportamento perverso é uma defesa maníaca que visa controlar angústias depressivas e persecutórias de experiências traumáticas; é uma passagem-ao-ato cujo roteiro rígido é escrupulosamente arquitetado é composto de atuações ativas de situações traumáticas passivas, o que permite ao sujeito tentar elaborar, sempre sem sucesso o que o leva a uma repetição ad infinitum, o retorno do real. É neste viés que Stoller(10) sugere que subjacente à atuação perversa existe um fantasma de vingança o qual é sustentado pela hostilidade. Graças a este expediente, o traumatismo infantil é transformado em triunfo. Ocorre, pois, uma inversão de papeis: o sujeito age ativamente lá onde sofreu passivamente. Acredita com isto evitar o retorno, sempre brutal e desagregador, daquilo que permaneceu petrificado no interior e que poderia causar, como é o caso nas psicoses, uma dissociação do psiquismo. “O ato perverso, escreve Stoller, é uma cura momentânea”.
(Um parêntese: as considerações feitas até aqui conferem à clínica da perversão contornos bem específicos. A escuta do perverso nos afeta transferencialmente de uma outra forma que o faz a escuta do neurótico. Acompanhá-lo pela tortuosa trilha de sua sexualidade pré-gential, agüentar a monotonia da repetição dos pontos de fixação da libido e suas atuações que revelam o caráter infantil de sua sexualidade, suportar o ódio que aparece na transferência sob forma de agressividade, de desprezo e desdém pelo trabalho e pela capacidade do profissional, tudo isto requer do analista uma disposição particular.
Traumatismo e humilhação(12): eis os ingredientes fundamentais da perversão. Humilhando o traumatismo é vencido. Humilhando, submetendo o outro ao seu cenário perverso, este outro é desumanizado e transformado em objeto (fetiche). Com isto evita-se, igualmente, a intimidade que é fantasiada pelo perverso como ameaçadora pois este último, não estando no registro da neurose – pelo menos quando orquestrando seu cenário –desconhece o amor tão necessário para proteger o parceiro, via fantasia, da componente do sexual perverso presente em todo sujeito castrado .
Fundamentalmente, é a questão da alteridade que está em jogo na perversão: o outro, o diferente e, num segundo momento, o outro sexo (a diferença anatômica dos sexos), aquele que não pensa como eu e assim por diante, tudo isto remete à castração, ao limite, que, no caso do perverso, foi gerenciada pelo mecanismo da recusa. É contra esta ameaça fundamental que o cenário perverso foi criado. Por outro lado, a organização perversa, como aliás toda organização psíquica, tem a função essencial de manter o sentimento de identidade.
Podemos, então, pensar que é na maneira particular de lidar com o retorno do real, que encontraremos a especificidade da perversão. Não ocorre um delírio pois o nome do pai não foi forcluído mas por haver o Ich Spaltung ocorre um “choque” que produz uma paralisia: o ponto de êxtase.
Retornamos, com isto, o objeto central deste texto: o ponto de êxtase, que passa a ser descrito como uma brecha através da qual a castração é vislumbrada. Se isto ocorre é porque o mecanismo da recusa não cumpre seu papel, deixando inoperante o processo de divisão do ego. A mediação fantasmática, tão necessária para uma montagem "aceitável" que dê vazão à moções pulsionais perversas, não mais é possível e o sujeito, uma vez mais, se vê face àquilo que vem sucessivamente negando: a castração. A solução para enfrentar a angústia daí advinda e, uma vez mais, negar a castração é, já dissemos, criar um cenário onde ele possa agir ativamente o que sofreu passivamente.
Na montagem de seu cenário, o perverso não escolhe seus parceiros por acaso. Escolhe justamente aqueles nos quais pode impor sua “imaginação erótica“(14). Uma tal imposição só é possível porque o parceiro escolhido é capaz de oferecer-se, via sujeito perverso, como objeto de gozo do Outro. O perverso desencadeia algo na dinâmica psíquica de seu parceiro que o remete a uma experiência arcaica eminentemente traumática. Em um après-coup, o sujeito revive uma experiência real paralisante, pois produtora de uma verdade insuportável.
Para o perverso o horror produzido no outro, e que o faz gozar, testemunha o seu triunfo sobre a castração, sobre o limite, sobre a lei, pois ele foi capaz de detectar o tipo de ação que desperta no outro o ponto extático e o subjuga. A “cura momentânea” se produz e, mais uma vez, ele crê deter um ‘saber como se goza’, o que lhe confere a sensação de tudo poder.
[...]
mais aqui: O GOZO EXTÁTICO DO EXPECTADOR DE UMA CENA PERVERSA
terça-feira, abril 15, 2008
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6 comentários:
Olá! I Wangbu. Estou das Filipinas. Você tem um belo blog. Estou tão feliz de visita.
Meu namorado quase ex , é de uma pervesidade sem limites eu mesma mandei um email pra ele dizendo assim "
Vou orar pra vc nao durar muito nao, um espirito maligno igual ao seu DEus tem q tirar desse mundo o mais rapido possivel.
Mandei ao escutar as maldades que ele falava que ia fazer a mim.
Adorei Seu blogue amiga, nota 10 pra vc. Estás a ajudar muita gente. Que Deus te abençoe...
Ainda bem que ajuda.
Eu tb precisei muito de ajuda para tentar perceber porque há pessoas assim!?São doentes deviam procurar tratamento.
Comecei a ler e a interessar-me por estes assuntos.
Se não estás satisfeita só tu podes mudar e procurar a tua satisfação.
OBRIGADA pelo teu comentário e desejo-te toda a sorte do mundo.
Muito boa a tua colocação. Uma bibliografia solida e consistente. O assunto é mesmo muito delicado e pouco discutido.Certamente é valioso esse teu espaço para esclarecimento de duvidas infinitas. Parabéns!
De facto, assim é.
Essencialmente esta pesquisa e procura de informação foi para me ajudar a mim própria.
Obrigada pela presença.
Ansiosa
PASSEI POR ISTO E FUI PREVENTIVA
VEJA MEU BLOG:
"BLOG MULHERES FORTES LONGE DE HOMENS CHUPINS"
UMA HISTÓRIA QUE QUSE CABAOU MAL E GRAÇAS À MINHA FORÇA CONSEGUI ME SUPERAR.
SUGADORES, MENTIROSOS(DISSIMULADOS) E QUASE ESPANCADORES.
DÊ STE EXEMPLO: SAIA DETA FRIA ANTES DE SEJA TARDE!
http://pravocemulheratual.blogspot.com
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